quinta-feira, 31 de março de 2011

INDEPENDENCE DAY

Sabe o que eu acho um barato em filme americano? Sempre tem aquele momento que é total caos. Que o mocinho vai preso, a mocinha vai casar com o bandido, o melhor amigo morreu e os alienígenas possuem um raio desintegrante apontado bem no meio de Manhattan. Então, como por mágica, puro milagre mesmo, o mocinho se salva, ressucita o amigo, explode a arma de destruição em massa e entra na igreja na Hora H para fazer uma piada e conquistar de volta a mocinha. Adoro a inveracidade das soluções da vida nos filmes americanos. E não é que a minha está vivendo sua semana Deus Ex Machina? Os negócios começaram a bombar, a conta bancária super azulzinha, o contrato do apartamento finalmente assinado, o carro sendo entregue e emplacado, o restaurante que descontou 3 vezes o valor da refeição fazendo estorno e até a NET agendou a instalação da para o dia e hora que eu queria. Para ajudar é semana de Restaurant Week e eu estou todos os dias explorando lugarzinhos e tendo momentos deliciosos com os amigos. Ironia por ironia, tudo isso vai acontecer na sexta-feira (ou não vai, quem sabe). E sexta-feira é 1o. de Abril. Eu gosto. Os roteiristas da minha vida são bem criativos. Ou talvez óbvios demais nos clichês. Anyway. Tô feliz. Cheia de motivos para ser feliz. Embora eu ache que a gente deva ser feliz mesmo sem motivo nenhum.

domingo, 27 de março de 2011

PÉROLAS DOS MEUS SOBRINHOS

Café da manhã e eu conversando com meu sobrinho de (quase) 9 anos sobre a adolescência:

Eu - ...Então você vai crescer e sua voz vai mudar, vai ficar grossa...
Ele - E vai nascer pêlos no meu suvaco e na minha cara!
Eu - E você vai ficar fedido!
Ele - Eu vou ficar fedido!
Eu - Ou seja, você praticamente vai virar um monstro.
Ele - EBAAAAAAAAAA!!!! EU VOU VIRAR UM MONSTRO!!!!

sábado, 26 de março de 2011

VER A VIDA

Essa semana me sugeriram tomar um banho de sal grosso. De verdade, não como figura de linguagem. Existe um tempo normal das coisas acontecerem. E, quando você muda sua vida completamente, quando você se desfaz de tudo o que tem, quando você fica meses absorvendo o mundo, conhecendo gente e fazendo coisas que você só sonhava em fazer; existe um tempo dilatado para se encaixar em uma vida novamente. O contrato do apartamento nunca sai. O carro nunca é entregue pela concessionária. Todos os problemas do mundo aparecem para você ter de trabalhar mais em coisas que você não necessariamente gostaria. Você nunca consegue ver seus amigos. Ainda tive de viajar à trabalho. Belém do Pará.Passei três dias entre cartórios, escritórios, taxis e o quarto do meu hotel trabalhando no computador. No geral eu não gosto de Belém. Estranha, feia, suja e úmida demais. O calor infernal. Sempre me transmite uma sensação de insegurança. De que a qualquer momento vão me assaltar ou bagunçar meu cabelo. Mas existem os momentos que me deleitam, então eu escolho o que eu acho que os lugares possuem de melhor. No quarto dia, (ou seja, hoje), antes de ir para o aeroporto, peguei o taxi e fui até o mercado. Eu acho que ninguém vai a Belém de verdade sem dar um pulinho que seja no Ver o Peso. O Ver o Peso sempre, com sua cacofonia, cores, risos, gente. A vontade de sair correndo provando tudo, conversando com todo mundo. Eu sou da opinião que a vida é mais intensa em mercados públicos. Existe mais emoção, mais autenticidade. É vida integral, não desnatada. Eu gosto. Passeei sem a câmera hoje. Senti que estava perdendo as fotos mais maravilhosas do mundo. Mas não deixa de ser também um exercício de olhar. Sentei sozinha em um dos boxes. Pedi pirarucu com açaí e farinha de tapioca. Que aprendi a comer com a Carol H. Amo! E foi a Carol H. também quem me sugeriu o Remanso do Peixe. Um restaurante que fica escondido nos fundos de uma vila. Desci do taxi e por um segundo juro que achei que fosse pegadinha. As senhoras sentadinhas nas portas das suas casas, olhando a noite quente e conversando. Tive daquelas refeições de sair flutuando. Tacacá, Moqueca Paraense com arroz e pirão, Escondidinho de banana no creme de castanha do Pará. Flutuando. Ontem almocei no Brasileirinho (também indicação dela. É tão bom ter amiga chef!). Eu não sou expert, mas que delícia. Um arroz de pato no tucupi impecável. Pastelzinho de vatapá e torta de cupuaçu com sorvete de Tapioca. Flutuando. Eu tenho passado por alguns bocados para me adaptar a vida de volta da mochila. Acho que o banho de sal grosso vai sim ser uma boa idéia. Estou encarando algumas mudanças definitivas em tudo o que eu sempre quis para minha vida. De tudo que eu tenho aprendido no furacão que eu estou agora, a melhor é que sempre existem prazeres nos detalhes. Que a gente nunca devia achar empecilhos para uma bela refeição. Que por mais que seja mágico viajar o mundo, a vida fora da mochila é mais concreta e exige muito mais entrega da gente. Não conheci uma só pessoa na estrada que não estivesse fugindo de algo. Todo mundo está sempre fugindo. Chega uma hora que a gente pára e encara. Não dá para fugir para sempre.

sexta-feira, 18 de março de 2011

O BODE DA BETHÂNIA

Quando eu estudava no Célia Helena, tive um professor que pediu para colocar o nome da Bethânia nos agradecimentos do programa do exercício de cena que nós íamos apresentar no final do semestre. Eu achei engraçado, afinal a Bethânia não ia ver a apresentação, não ajudou na produção, ela nem sequer sabia de nossa vã existência. Ele alegou que Bethânia era uma entidade divina, uma fonte de inspiração e que sem ela, ele, professor, não seria nada. Já que a coisa estava naquele nível, eu resolvi também que queria agradecer minha mãe, meu pai e a Xuxa. Mas meus colegas de classe não deixaram. Acontece que o tal professor tinha razão. Bethânia é uma entidade divina. Então ela pode fazer esse pastelão de solicitar uma fortuna de dinheiro público (meu e seu, amiguinho!) para fazer um blog. Ah! Mas não é apenas um blog! É um blog que incentiva a poesia e tem um monte de vídeo. Minha pergunta é: E? Eu tô engolindo sapo nesses últimos dias, não apenas pelo absurdo (Tadinha, ainda não acostumou com as novidades nacionais!), mas com a repercussão do causo. Gente que pula na frente e defende. Gente que chama o coleguinha de reacionário (!!!) só porque não tem a mesma opinião que a dele. (E ninguém fala que antes de tudo, Bethânia precisa tingir a raíz!). Eu sei que minha opinião não influi em nada, mas esse blog é meu e aqui eu que mando, então minha opinião é a de que o MINC está certo. De acordo com nossa Lei de Incentivos Fiscais para Políticas Culturais, uma entidade divina pode solicitar liberação de captação de verba pública para fazer um blog inútil. E foi o que ela fez. Absurdo para mim é uma “entidade divina” se prestar a esse papel. Porque se a lei é falha, o caráter da madama devia fazê-la ter bom senso de não se prestar a esse papel. Lei de Incentivo Fiscal foi feita para FOMENTAR a produção cultural, para permitir que pequenos produtores tivessem acesso à verba e criassem uma indústria cultural. E NÃO para que artistas celebrados e estabelecidos enriquecessem ainda mais às custas do Estado. Porque não vamos nos enganar minha gente! Esse dinheiro não vai vir da Petrobrás, do Banco do Brasil ou da Porto Seguro. Esse dinheiro é dinheiro de imposto, que devia estar abastecendo esse país de oportunidades culturais mais efetivas, e não viabilizando projetos que existiriam com ou sem lei de incentivo. Esse dinheiro deveria estar na conta dos meus amigos de Natal, os Clowns de Shakespeare, por exemplo. Que nunca ganharam dinheiro público, mas vêm há anos juntando moeda na carteira para realizar um dos poucos casos de puro lirismo cênico produzido no Brasil hoje. Devia estar na conta das dezenas de grupos de pesquisas, promotores culturais, oficinas de literatura, que pipocam na periferia e no Grande Brasil (esse sim, por vontade divina) e que ficam sem a menor chance na batalha da mesa do Diretor de Marketing das grandes empresas quando precisam disputar com grandes nomes como o da Senhoura Maria Bethânia por um pedaço do bolo fiscal. As Leis de Incentivo deveriam ser um diferencial na captação de recursos, daqueles que não contam com celebridades e fama como diferencial. Ou alguém aqui duvida que o próprio nome da Senhoura Maria Bethânia não é suficiente para ela abrir os bolsos de qualquer empresa para fazer um blog esquisito, cheio de vídeo, de incentivo à poesia? Então eu acho de uma tremenda cara de pau, uma entidade divina, ir roubar leite de criança quando ela podia simplesmente apresentar o mesmo projeto ao mesmo Diretor de Marketing e oferecer uma contrapartida financeira de participação de lucros, em vez de se valer da vergonhosa política cultural de nosso país. O problema não é se ela pode. Mas se ela DEVE. E daí entram valores como caráter, bom senso, hombridade. Coisas que eu sinceramente espero de uma “entidade divina”. De uma profissional capaz de ter pessoas que a idolatrem sem que ela ao menos saiba que elas existem. Não quero saber quanto custa produzir o vídeo, ou qual a abrangência de mídias sociais. Eu sei. Mas é ridículo esse tipo de discussão quando, na minha opinão, o buraco é mais embaixo. Dinheiro de imposto é público. E como cidadã eu tenho direito de opinar se concordo ou não com os fins que são dados a ele (geralmente eu não concordo). Eu sou contra dinheiro de Política Cultural servir para abastecer carreira de cocaína no Leblon e Baixo Gávea. Eu sou contra dinheiro de Política Cultural servir para produzir o que quer que seja de artistas consagrados. Dinheiro de Política Cultural DEVE fomentar uma indústria, criar empregos onde não se tem, criar oportunidade para que novos artistas sejam consagrados e fazer jus ao imenso potencial e talento do meu povo. Não para alimentar uma cadeia de EGOS melindrados preocupados em perpetuar o cenário cultural provinciano que vivemos hoje. Não para encher as contas bancárias da mesma meia dúzia de produtores culturais que estão mamando nas tetas do governo nesses últimos 15 e lá vai anos de Leis de Incentivo. Não tenho nada contra ganhar dinheiro, muito pelo contrário. Eu espero mesmo que muita gente ganhe dinheiro e enriqueça com cultura nesse país. Mas Lei de Incentivo é para ajudar quem ainda não tem como se destacar. É para dar oportunidade de talentos aparecerem. E quem já é consagrado, devia abaixar a cabeça, agradecer a lisonja da aprovação fiscal e ficar quietinho no seu lugar. Vai botar a cara para bater, vai oferecer participação nos lucros do seu projeto, porque o seu nome deveria ser a maior contrapartida que uma empresa poderia ter. Eu tenho dó da empresa que associar sua marca ao Blog da Bethânia. Se a lei é falha, e se a diva não tem caráter; eu por outro lado sou cidadã. Meus amigos gays que me desculpem mas estou lançando a Campanha “Boicote à Bethânia”. Claro que não vai pegar, porque cidadania hoje está fora de moda. Mas só para terminar esse post: #prontofalei.

quinta-feira, 17 de março de 2011

GREY SCALE

O que mais me dói o coração é que eu amo esse blog, e não tenho conseguido escrever com a freqüência que eu costumo e gosto. Se eu estou homeless? Sim. Ainda. Juro que é tarefa hércula alugar apartamento em Sampa. Alugar qualquer lugar teria sido fácil. Mas como eu quero dar uma assentada, não quero alugar qualquer lugar. Também estou em vias de comprar carro. De começar faculdade. De fazer curso. De fechar trabalho. Tudo, o ano inteira começando de uma vez logo após o carnaval. Eu amo! Ontem fiz Dia da Noiva. Eu acho que pelo menos uma vez por mês é legal desligar tudo e tirar um dia pra gente. É saudável, é produtivo e deixa a pele macia. Então terça à noite, depois da aula de Escrita Criativa (de volta ao meu querido grupo com a Noemi Jaffe), eu fui encontrar a Cí e a gente acabou com uma garrafa magnum de um vinho maravilhoso que o Edu me deu para experimentar. Imagina o estrago. Um litro e meio de vinho dividido por duas. Acordei tarde, fizemos café da manhã prolongado, daqueles que se fica horas na mesa de pijama falando todos os tipos de bobagem para começar o dia. Na hora do almoço fui para o Kabanah Spa experimentar um cupom que tinha comprado em novembro. Amei! O lugar é todo decorado com temática praia, os bangalôs super charmosos. Fiz massagem indiana, cromoterapia para alinhamento dos chakras (o que foi divertidíssimo já que eu sentia meus chakras tortos igual a coluna do Smeagol) e reike para terminar. Eu amei tanto que quase pulei no colo da massagista no final de felicidade. Depois fui comer um sashimi (minha contribuição fútil às vítimas do terremoto e do tsunami), fazer as unhas, hidratação, cortar o cabelo. Dia da noiva completo. Como cereja do bolo, passei para umas comprinhas básicas no Iguatemi. Mas pera lá! Nada de grandes marcas porque o orçamento não permite. Gostoso mesmo é garimpar achados em lojas de departamento depois de um dia desses. E eu achei. Uma saia lindinha, que já descosturou hoje cedo assim que eu saí do carro. Coisas da vida. Futilidade incrível eu sei. Passar a quarta-feira inteira assim. Mas eu sou da opinião que não tem como ser profunda sem dar essas piradas de vez em quando. Que equilíbrio é saber que existe o preto, o branco e uma infinidade de tonalidades de cinza no meio. E no caos que (ainda!) está minha vida, é bom saber que ainda existe respiro, existe prazer e ainda sou mulher.

quinta-feira, 10 de março de 2011

CARNAVAL

Agora a gente pode falar que o ano começou. Por mais que eu tente ignorar que tem um Carnaval no meio do caminho (no meio do caminho tinha um Carnaval), tudo sempre trava até passar a quarta-feira de cinzas. Talvez por isso esse ano eu resolvi, não passar o Carnaval, mas viver o Carnaval de uma maneira bem típica e popular. Arrumei minha mochilinha e mais uma vez fui para o aeroporto. Dessa vez para o Rio de Janeiro, (que continua lindo sim, mas cheeeeio de cariocas!). Eu nunca tinha passado o Carnaval no Rio. Fui seguindo as instruções do Carioca (meu companheiro de mochiladas), fantasia na bagagem e sem fazer muitas perguntas. Regra de ouro, diga “Sim” para o que for proposto. Se em outras épocas meu ideal de Carnaval era me enfurnar nos cinemas vazios da cidade e ler o máximo de livros que eu conseguisse, vou confessar que me diverti muito nesses últimos dias. Colocar fantasia é uma coisa divertida. Brincar de ser outra pessoa. No primeiro dia eu fui de “Cisne Negro” no Boitatá. Aliás, fantasia de “Cisne Negro” foi sucesso de público e crítica durante todo o feriado. Por onde se ia lá estavam as bailarinas de preto e olhos malvados. Homens, mulheres, crianças. Acho que foi a fantasia mais usada no Carnaval. Legal também andar pelas ruas e ouvir o povo gritando: “Cisne Negro! ÔÔÔ Cisne Negro!!!”. Na terça foi dia de sambinha de raiz no Bloco Último Gole. Em uma praça do Jardim Botânico, super sossegado, organizado. Com barracas de comida, caipirinhas e sistema de fichas. Eu fui de Branca de Neve. Ficou perfeita, e as cantadas foram as mais engraçadas. “Branca de Neve, posso te dar um beijo para você acordar?”. Vários candidatos à sete anões também. Eu acho divertido essas brincadeiras. São inocentes, não arranca pedaço de ninguém. Mas nem só de samba se fez meu Carnaval. No Bloco Cru rolou rock em ritmo de Carnaval. Delícia e o bloco melhor frequentado de todos. Estava marcado para começar às 16h, mas atrasou muito. A gente estava cansado e não ficamos até o final. Fomos para casa, fazer uma mega lasanha e assistir TV. Isso é uma coisa legal dos Blocos de Rua do Rio. Todos começam bem cedo, então à noite dá para ir para casa, tomar banho, descansar e dormir bem antes da meia noite. O melhor bloco de todos eu fui sem fantasia. Fui de Adriana. O Bloquinho do Sargento Pimenta e o Clube dos Corações Solitários. Já fez a tradução? Isso mesmo. Beatles. Beatles non stop e em ritmo de carnaval. O tema oficial do bloco, “Sgt. Peppers Lonely Heart´s Club Band” ficava incrível com o som da percussão. E todas as outras “Hard Day´s Night”, “I wanna Hold your Hand”, “Obladi Oblada”, “Eleonor Rigby” e, claro, “Lucy in The Sky with Diamonds” que fez aquelas ruas do Botafogo pularem todas juntas. Acho que foi também o bloco mais cheio de todos. Houve momentos em que estava insuportável, mas a gente achou um lugar incrível e deu para ficar bem confortável. Para terminar fomos ontem no “Me Beija que Eu Sou Cineasta” na Gávea. Marchinhas, Sambas Clássicos, Tim Maia e Otto no palco completamente chapado errando todas as letras. Já no meio do bloco eu estava à base de guaraná. Estávamos em um grupo grande, fomos todos comer em um boteco do Leblon. Depois eu abandonei o barco. Fui tomar banho, ler um pouco, responder e-mails de trabalho. Já estava sentindo o Carnaval acabado. Eu gosto da folia, da diversão toda, mas agora cedo chegando ao Santos Dummont, tudo o que eu pensava era em abrir meu laptop, trabalhar, telefonar, colocar uma roupa mais urbana. Delícia é que são apenas alguns dias. Delícia que a loucura toda já passou e a gente pode começar o ano. Feliz Ano Novo minha gente! Vamos, que eu quero fazer de 2011 um puta ano.