sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

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Dylan foi liberado hoje da UTI. Ele teve um probleminha pulmonar, não estava conseguindo expelir todo o líquido do pulmão depois do parto, então teve que ficar de castigona UTI esses dias. Hoje peguei ele no colo pela primeira vez e, já estamos apaixonados. Ele me adorou. Encaixou nos meus braços e ficou gostosinho feliz. Existe uma coisa em recém-nascidos que nos faz sentir tão bem! Meio como se a vida fizesse sentido e a gente pudesse ficar o resto do dia com aquela coisinha frágil e indefesa no colo. Congelar o momento em que a vida ainda é calma, controlada. Queremos garantir que o mundo lhe seja gentil. Sabemos que não será sempre. Tomara que não seja. A vida está exatamente em todas as emoções e adversidades que podem acontecer. Mas até que ele cresça e possa viver tudo isso, eu aproveito esses momentos em que se pode congelar o tempo e sentir a respiração pura e mínima de quem acabou de chegar ao mundo. 

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

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Nós, alguns dos colunistas, com o Davi Kinski, diretor do documentário, e os donos do PPQO, João Luis Vieira e Luciana Vendramini.


Parece que o PPQO vai virar um documentário. O João chamou a gente hoje para fazer um teaser de captação para a produtora. Eu não esperava a estrutura toda que estão montando. O pessoal da produção parece ser bem sério e dedicados a fazer mesmo acontecer. Eu tendo a ser um pouco cética com projetos. Cansei de ouvir sobre projetos que estão rolando, fazendo e acontecendo, e no fundo nunca saem do papel. Mas esse pessoal parece que está mesmo afim de fazer. Acho legal que role. Para o site, para a discussão de igualdade que defendemos. Fico bem feliz de fazer parte, embora morra de vergonha. Aprendi a construir várias ferramentas de interação social, mas no fundo acho desconfortável e doloroso ficar em frente a uma câmera e falar de mim. Então eu sentei e fiz o depoimento como quem arranca bandaid de machucado. Puxando rápido para não pensar muito na dor. Saiu. Vamos ver se sai também o documentário. 

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

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Dylan nasceu!  Agora a noite. Lindão, 49 cm e 3,285Kg. Perfeito. Estamos todos muito felizes. Minha irmã sempre teve o sonho de ser mãe. Ela está com 42 anos e houve um tempo que chegou a pensar que tinha perdido a oportunidade. Adoro como a vida funciona às vezes. Há um ano e meio reencontrou um amigo de infância, se apaixonaram, casaram e agora veio o Dylan. Se em 2012 alguém dissesse que tudo o que ela sempre sonhou estaria acontecendo, ela não acreditaria. Não conseguia enxergar como isso podia acontecer. Mas a vida tem sempre um jeito muito melhor de contar histórias do que quando a gente tenta controlar. Está aí! Viva a vida!

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

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Essa semana estou fazendo um Workshop de Edição Literária no Espaço Cult, com o André Conti. O André é editor da Cia. das Letras. Eu achava que ele fosse bem mais velho. Afinal existem meia dúzia de editores no Brasil e eles ficam mudando de uma editora para outra. E os outros são donos das editoras. Então eu tinha essa imagem de que ele seria um senhor, fumando cachimbo, no estilo do Pondé. O André é na verdade mais novo do que eu, e parece muito, muito, MUITO com o Dri, meu melhor amigo. O jeito de falar, a mania de fazer vozes para ilustrar as histórias que conta. Acho muito divertido quando a gente encontrar pessoas duplicadas na vida. Dá uma sensação de familiaridade e a gente já se sente íntima, mesmo sem a pessoa saber. O workshop está sendo bem interessante, para me ajudar a deixar as ideias mais claras e definir melhor o que estou procurando. A turma, todavia, foi um pouco decepcionante. Não consegui entender muito bem quem eram aquelas pessoas e porque estavam ali. Sempre tem alguém que está mais interessado em cavar uma vaga de emprego ou deixar um manuscrito na mão do professor, em vez de aproveitar a oportunidade para conhecer melhor sobre a função, entender como a coisa funciona. Por isso a sessão de perguntas ficou parecendo o grupo de orientação vocacional que eu tinha no colegial. É essa cultura do relacionamento competitivo, do networking, que existe nessa cidade. As pessoas estão sempre agressivamente se relacionando. Existe uma persona que deve-se assumir em festas, cursos, vernissagens, reuniões, lançamentos. Essa persona deve ter um toque de blasé, um calculado falso interesse no outro e a objetiva manipulação dos assuntos para caminharem aos seus interesses particulares. Antigamente eu me irritava com esse tipo de comportamento, é um dos maiores motivos de eu ter fugido do meio artístico. Hoje acho um desperdício apenas. Um desperdício de tempo onde se poderia criar vínculos e laços muito mais interessantes do que a troca de influência, e um desperdício de gente. Tão melhor conhecer as pessoas de verdade, sem essas personas na frente deixando tudo artificial e irreal. 

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

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O Augusto é uma pessoa deliciosa. Um amigo que reconheci na vida. Porque tem gente que a gente não conhece, reconhece. Tava óbvio que devia fazer parte da nossa vida. O Augusto é assim. Ele também é uma pessoa interessantíssima. Culto, talentoso, viajado. Sua casa reflete toda essa bagagem de quem gosta do lado bom da vida. Fotos fantásticas por todas as paredes, e uma biblioteca cobiçável. Augusto ainda é uma pessoa desapegada, e anda fazendo uns “bota-fora” das suas prateleiras. Veja bem, se eu for fazer um “bota-fora”, encho uma caixa de revista Vogue e Boa Forma e chamo o Exército da Salvação para retirar. Já o Augusto fazendo “bota-fora” você leva para casa a coleção da revista Serrote, exemplares de poesia japonesa e uma edição em caixa de “Em busca do tempo perdido” do Proust, no original. Quando penso na sorte de ter os amigos que tenho, sei que isso é luxo de verdade. 

domingo, 26 de janeiro de 2014

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Desafio pessoal (fadado ao fracasso óbvio): ver todos os filmes do Oscar até o Carnaval. Como eu estou dedicada esse ano, lá fui eu ver o favorito ao Oscar de Filme Estrangeiro na Reserva Cultural. “Alabama Monroe” foi uma surpresa completa. Que filme mais delicado! Os atores estão perfeitos, com um entrosamento, uma intimidade, bem rara de se conseguir. Aquelas químicas que não se explica, nem se planeja. Ela acontece e pronto. O filme é bem mais triste do que eu estava preparada. Fiquei na cadeira, chorando como um bebezinho, e limpando as lágrimas na barra da saia. Nem caixinha de lenço eu tinha. A história, sem spoiler, é sobre a relação entre uma tatuadora e um músico country em Gent na Bélgica. Uma cidade que guarda o mérito de ser o berço da Revolução Industrial, e que tive a impressão de ser bem dura e imperfeita quando visitei. Acho que exatamente por isso, muito humana. Cidade de verdade, não aquela coisa cartão-postal-disney como é Bruges. Assim como a cidade, o casal é imperfeito, levemente descalibrado, e exatamente por isso aquele amor parece ser tão autêntico e real. Tanto que a gente se pega pensando durante o filme que se quer um amor assim. Encontrar aquela pessoa meio torta, cujos defeitos a fazem perfeita. E viver uma vida de verdade, daquelas que as pessoas normais vivem. Sem sucesso, glamour, pompa e circunstância. Mas com contas para pagar, rotina, reformas inacabadas e pequenas desafios para se superar juntos. A trilha sonora vale um Oscar à parte. Repleta de banjos, gaitas e alma folk. A primeira coisa que falei quando o filme acabou foi: “Eu quero essa trilha sonora”. Estou aceitando de presente!

sábado, 25 de janeiro de 2014

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Um milhão de peixinhos, e eu no meio.

A primeira vez que ouvi falar sobre a Laje de Santos me veio à mente uma imagem de um churrasco em uma laje de alvenaria sem acabamento, uma churrasqueira improvisada, muita fumaça e um pagode daqueles. Confesso que não fazia ideia de que uma laje é uma formação rochosa lisa e grande no meio do mar. Já tinha ouvido alguns mergulhadores falarem da Laje, vi fotos incríveis do pessoal mergulhando com as Mantas que vêm procriar em junho e julho e sabia que era um mergulho meio obrigatório para quem mora tão perto de Santos. Então resolvi criar vergonha na cara e madruguei, encarei a estrada e cheguei (atrasada) para embarcar no Orion. Dia lindo, perfeito para mergulho. Sol incrível, zero nuvens no céu e o mar tranquilo baixa correnteza. Eu não costumo enjoar em barco. Sou daquelas que vai tagarelando, comendo e pulando não importa o quanto ele balance. Não sei o que houve dessa vez mas minha pressão foi para o chão, passei o trajeto inteiro de 1h30 me sentindo a pessoa mais miserável do mundo. Quando chegamos o barco, mesmo ancorado, ficava balançando com a maré. Pulei na água para passar o enjôo e descobri porque falam tanto da Laje. A água estava Noronha. 30o, visibilidade de 20 metros e uma profusão de vida, daquelas que justificam todos os apaixonados por mergulho. Ainda, azul! Muito azul!!! Cardumes com centenas de peixes passavam no meu pé, tartarugas circundavam o barco. Fizemos dois mergulhos perfeitos. Tranquilos, beirando o paredão de rocha e tirando muitas fotos. Algumas horas eu era atravessada por algum cardume e eram tantos peixes, que a vista até ficava nublada. Amo a sensação de paz e leveza que se sente quando se mergulha. Me maravilha e me faz sentir viva. Se não houvesse o risco de acabar em um câmara hiperbárica com doença descompressiva, juro que passa o dia embaixo d’água. Ah! Nada como a sensação de nitrogênio correndo pelo sangue! Depois dos mergulhos ainda fiquei fazendo snorkel na superfície, até ser arrancada aos prantos de volta ao continente. O resultado foi uma super exposição ao Sol africano desse verão. Estou vermelha igual à gringo quando volta do Nordeste! Um tanto de mal-estar e muito sono também. Mas ainda assim, como vale a pena para se sentir viva!

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

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Felicidade é uma caixa de Mentex.


Quando eu morava no Jardins passava sempre no cruzamento da Estados Unidos com a 9 de Julho. Ali fica um vendedor de balas paraplégico. Ele fica na cadeira de rodas, com o tabuleiro de balas no colo e conversa com todo mundo. O mais impressionante é que ele sempre, sempre, SEMPRE tem um mega sorriso no rosto! Nunca vi esse cara mal-humorado. Ele está sempre feliz, positivo, de bem com a vida. Quando morava ali, fazia questão de parar na faixa da esquerda, abrir a janela e bater-papo com ele enquanto esperava o farol abrir. Quando não dava tempo de parar, eu gritava um “bom dia” da janela e acenava enquanto passava. Ele se esticava todo na cadeira e me acenava de volta, com aquele sorrisão de quem é feliz na vida. Teve uma semana que ele sumiu. Eu passava ali e me dava um aperto no coração. A gente sempre imagina tragédia. O cara podia muito bem ter ganhado na Mega-sena, mas a gente sempre imagina tragédia. Depois de uma semana ele reapareceu, do mesmo jeito de sempre. Nem tragédia, nem mega-sena. Tinha sido só uma gripe. Depois tirei meu ano sabático, e quando voltei vim morar em Pinheiros. Nunca mais passei por lá. Hoje, eu desci a Pamplona depois de uma maratona burocrática de pedidos de documentos, visitas à secretaria da faculdade e pendências mil, estava aérea, pensando na minha coluna do PPQO de amanhã. Pensando em como as relações humanas estão cada vez mais frágeis e mais difíceis, em como me dá vontade de virar uma bolinha igual tatu e me isolar do mundo. Quando me aproximei do farol da Rua Estados Unidos com a Av. 9 de julho fechado. E lá estava meu amigo. Em sua cadeira de rodas, sorrisão aberto. Por um instante tive o ímpeto de fingir que não tinha visto. Ficar olhando pra frente com cara de ocupada, esperando o farol abrir. Mas então ele veio até minha janela, pediu para eu abrir o vidro e foi então que eu me toquei. Eu já estava enroladinha feito tatu-bola, isolada do mundo. Abri o vidro para o meu amigo e a primeira coisa que ele me disse foi: “Oh, minha linda! Obrigado pela gentileza! Que sexta-feira linda! Vai sair com o maridão hoje!?”. Acho que ele não se lembrava de mim. Certamente que não. São muitas garotas introspectas dirigindo naquele farol todos os dias, e para mim só tem um vendedor paraplégico com quem eu bato papo. É natural que minhas memórias com ele sejam mais vivas do que as dele comigo. Eu não consegui falar muita coisa para ele. Não expliquei que não havia nenhum maridão. Nem que já faz tempo que a sexta-feira à noite não significa mais nada para mim. Não falei que minha grande expectativa do dia era lavar uma pia repleta de louça suja. Nem que todas minhas relações pessoais se reduziam à janelinhas em um chat no computador. Não contei para ele que já tinha morado ali pertinho, duas quadras dali. Nem tentei resgatar na memória dele que eu passava quase todos os dias ali e a gente conversava, e se reconhecia. Na época que eu andava com um Celta básico, peladinho, sem rádio, nem ar condicionado, porque eu era, talvez, muito mais desapegada de conforto do que sou hoje. Não falei para ele que era bom vê-lo novamente, e que eu sempre comprava Mentos, mesmo quando não tinha vontade. A única coisa que eu disse foi, “Hoje à noite eu vou trabalhar!”. Porque era a verdade. Porque é isso o que eu faço todos os dias. Dia e noite. Porque trabalhar muitas vezes vira uma desculpa quando a gente não tem mais nada com o que preencher o espaço da vida. Então ele me olhou, como quem olha a pessoa mais miserável e desamparada do mundo. Me olhou com ternura e compaixão, de quem está em uma posição melhor, muito melhor do que você. “Querida, não faça isso com você. Essa vida toda, é só ilusão. Nada disso é real. Não perca a oportunidade rara da vida por causa de matéria, por causa de dinheiro. A vida vai passar, e você vai perder e nada disso aqui vai ficar. Não deixe de aproveitar um único segundo da vida, por favor!”. Então uma ficha gigante caiu. Aquele homem ali na minha frente, sentado na cadeira de rodas, com papada no pescoço, de pele escura... aquele homem é um buda. Aquele homem é um ser iluminado, que já transcendeu todas as delusões dessa nossa vida material. E quando eu estava alimentando minha decepção com o mundo, ele me veio lembrar que o meu caminho é para o outro lado. Ele veio me acariciar com ternura e generosidade de quem sabe como essa ilusão toda do samsara pode ser dolorida para nós humanos. A gente passa por budas todos os dias, eu sei disso. Só prestamos atenção. Quem iria imaginar que em cima de uma cadeira de rodas, vendendo Mentex, estaria uma pessoa se sentindo muito melhor do que você, dona de todo o conforto de um ar condicionado. Nada contra o conforto. É uma benção tê-lo e sou muito grata. Mas nunca imaginamos que aquele que tem acesso a menos conforto do que a gente possa estar de fato em um lugar melhor. O farol abriu, os carros começaram a buzinar, e eu fui embora meio pasma. Sem processar totalmente aquela epifania. Acho que não me despedi. Certeza que não agradeci. Cheguei em casa, lavei a louça, trabalhei. Agora estou pensando muito nas coisas que eu acho que eu tenho que fazer. Se não é a obrigação em si também uma grande ilusão. 

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

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Balde de Homus, que eu mesma fiz! 

Hoje a Quinta-feira da Champagne dançou. Baixou a Mônica Geller de manhã e eu limpei a casa inteira. Arrumei a geladeira, lavei louça, cuidei das gatas. Eu dou conta da casa, eu gosto. Mas como eu sou free-lancer e trabalho em casa, acabo consumindo horas preciosas que precisava estar trabalhando. Quero ver se consigo dar conta da casa durante as férias da Jô. Sem precisar chamar faxineira, nem nada. No andar de baixo está tudo ok. Agora o de cima... O banheiro precisa de um banho. E o escritório continua caótico. Será que consigo colocar ele em ordem até domingo!? É a grande dúvida da humanidade. Também, para dar conta da arrumação eu cabulei a academia. Tem algo que desperta em mim muito bem-estar nessa coisa de ser dona-de-casa. Não que eu conseguisse só fazer isso da vida e não trabalhar, longe disso. Mas adoro cuidar da minha casa. Adoro deixar as coisas em ordem. Me sinto muito bem quando está tudo bonito, organizado e limpo. Me sinto uma pessoa melhor. De verdade. E como meu embalo estava produtivo, aproveitei para ir no mercado natural e comprar a lista da nutricionista. Tão empolgada que cheguei em casa louca para cozinhar. Fiz grão de bico, feijão, pizza integral, torta de palmito e arroz com açafrão. Eu sempre usei açafrão em pó. Mas a nutricionista falou para eu aumentar o consumo de raizes, e frisou o açafrão. No Apanã sempre tem açafrão orgânico para vender. Eu sempre confundo com gengibre. Nunca tinha comprado. Mas fui lá, muito feliz, ralar o açafrão fresco para colocar no arroz integral. Acontece que açafrão é pior do que beterraba. Mancha, e mancha forte! Faca, tábua, ralador. Inclusive meus dedos e unhas. Tudo amarelo! De tanto esfregar, agora a esponja de lavar louça também está amarela, e o pano de prato - não faço ideia como. O arroz ficou ótimo, mas passei algumas horas na internet tentando descobrir como tirar as manchas. Algumas saíram. Os dedos e a unha continuam. Parece que eu tenho hepatite. Queria saber como os chefes de cozinha fazem. Por enquanto, vou na manicure amanhã tentar resolver. E a cozinha ficou um caos. Quem sabe amanhã a Monica Geller aparece novamente e dá um jeito em tudo. 

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

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Hoje foi o dia mais esperado das férias escolares: o Dia da Tia Dri!!! 

Todas as férias eu e meus sobrinhos fazemos o “Dia da Tia Dri”. É um dia em que a gente sai juntos e fazemos coisas divertidas. Teve vez de passar a tarde jogando Wii e comendo doce da “cesta da felicidade” (uma cesta cheia de balas, chocolates e pirulitos, para terror da minha irmã), tivemos muitas sessões de cinema, passeios em livrarias, confecção de cupcakes, tarde de escalada. Dessa vez resolvi inaugurar minha mochila de picnic “recém-chegada da China”! É uma mochila super legal que comprei no AliExpress. Vem com pratos, taças, talheres, guardanapos, um compartimento térmico para colocar a comida, suporte para garrafa de vinho e um grande cobertor para jogar na grama e fazer o picnic em cima. De sonho! Fiquei tão feliz quando chegou. Vi muitos desses kits na Europa, as pessoas fazendo picnics nos parques, às margens do Sena e na Villa Borghese. Estava louca para usar mais esses parques que temos na cidade. Então enchi a mochila de frutas, queijos, saladinhas e sanduiches; e fomos para o Parque Vila Lobos andar descalços na grama e comer deitados no chão. Todas as vezes que fui ao Vila Lobos foi para ir em algum show, ou alguma coisa específica. Nunca tinha ido de fato usufruir do parque. Poxa, que delícia de parque é esse! A área de picnic é perfeita, cheia de árvores. Fiquei feliz de ver que várias famílias, casais, grupos de amigos também resolveram fazer um picnic no meio da tarde de quarta-feira. Descolamos uma bela sombra, tiramos os sapatos e almoçamos ao ar livre. Depois as crianças enterraram sementes de cereja (jurando que nasceria uma cerejeira), subiram em árvores, brincaram de pega-pega, enquanto eu deitei um pouco na grama e fiquei olhando o Sol por entre as folhas das árvores. Pensando em como é gostoso quando a vida fica simples. Mateus encheu o pé de barro, até o Rafa, que está na difícil pré-adolescência, se permitiu ser criança mais um pouquinho. Bebemos todo o suco de goiaba e demos uma volta no parque para descobrir o que mais tinha por lá. Descobri quadras de tênis para uso livre, aparelhos de ginástica e uma super ciclovia. Talvez eu devesse incluir o Vila Lobos às minhas corridas de final de semana. Talvez eu crie coragem de aprender a andar de patins também. Talvez eu até arrume alguém para me segurar nos tombos e ajudar a carregar a cesta de picnic das próximas vezes. Talvez. 

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

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Decidi. Em dois meses eu encerro o grande ciclo da minha vida. Um ciclo que começou há 11 anos e eu vou finalmente fechar. Bem sucedida. Feliz. Então eu vou começar um novo ciclo, e nessa transição, decidi fazer um summer course de publishing em NY. Vai ser bom, poder finalmente cumprir a promessa de visitar a Maya. Também ainda vou pegar a Nati lá nessa data. Tempo cronometrado para organizar tudo. Anotado na agenda: sexta-feira vai ser dia de levantar toda a documentação e burocracia. Vai dar tempo. Eu acho.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

domingo, 19 de janeiro de 2014

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Nada como almoço de domingo em família. Esse ainda teve comemoração de aniversário da minha tia. Sabe o que isso significa? Significa que depois de uma mesa gigante, lotada de comida, e depois da sobremesa, a gente ainda cantou parabéns e cortou um bolo antes do café da tarde. Pois é! Nessa família se manja! Eu gosto muito da minha família. Tenho uma família grande, ruidosa, italiana. Dessas que ama e odeia acima de qualquer suspeita. Para mim é muito paradoxal, já que não tenho nada a ver com minha família. Para eles eu sou a ovelha negra, a que “saiu esquisita”. Não casou, gosta de umas músicas estranhas, uns filmes parados, e tem essa mania de viajar para lugar cheio de pobre e se hospedar sem nenhum conforto. Eles me acham esquisitíssima. Mas já desisti de tentar me explicar para eles. Minhas escolhas e opções de vida não seguiram a minha família. Mas ainda assim, eles sempre estão ao meu lado, sempre vão me segurar se eu precisar. São mais constantes do que muitas pessoas que eu tinha tudo em comum, e achava que eram amigas. Família é isso aí mesmo. Um negócio que a gente não entende, mas ama. Aceita. Acho que é disso que é feito o tal do amor incondicional, né!?

sábado, 18 de janeiro de 2014

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Ando sonhando com a Indonésia. Juro. Sonhando, respirando, sentindo falta. Estranho essa coisa que às vezes a gente tem com alguns lugares. Nunca fui. Não conheço ninguém de lá. Mas já conheço. Outro dia estava vendo um filme, e tinha algumas cenas em Bali. Meu coração acelerou. Deu aquela sensação de dejá vu. Sim. Eu já estive lá. Em alguma vida... em sonhos com certeza. Indonésia está me chamando. Estou indo, querida. Só mais um pouquinho!

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

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Hoje foi o bota-fora da Nati. Ela vai passar o semestre em NY fazendo uma especialização. Foi um negócio meio ajax. Saiu a aprovação e em poucas semanas ela teve de dar um jeito na papelada, visto, alugar a casa e arrumar quem cuide dos gatos. Eu que nem consigo decidir o que vou fazer esse ano por causa das minhas, admiro a objetividade que ela teve em conseguir estar pronta no prazo. Estranho sair à noite depois de tantos meses de reclusão. Mais estranho ainda sair à noite fazendo quase um mês que não coloco uma gota de álcool na boca. Os florais estão funcionando lindamente. Impressionante! Não sei se funciona com todo mundo (ou se eu sou a pessoa mais sugestionável do universo), mas comigo é batata! Sou outra pessoa. Mais calma, mais focada. Fui porque não deixaria de ir. Tomei suco, guaraná diet, e nem emendei para a balada depois. Cheguei em casa cedo, sóbria, e vi o Sol nascer assistindo Breaking Bad. 

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

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Depois de passar o dia em uma longa consulta com a nutricionista e mandando CV a tarde inteira, lembrei que hoje era quinta-feira. Entre minhas propostas para 2014 está fazer a “Quinta-feira da champagne”. Simplesmente porque sou apaixonada por champagne e sempre acho que não temos ocasiões suficientes para tomá-la. Só que eu ainda estou em tratamento, então não posso beber por mais um mês. Então fui encontrar a Key e cumprir com outra proposta para esse ano: ir ao cinema! Na época da faculdade eu ia ao cinema todos os dias. Nos feriados emendava 3 filmes seguidos. Era uma junkie!

De uns anos para cá consigo contar nos dedos da mão do Lula as vezes que fui ao cinema. A gente vai ficando mais velha, mais bundona, e deixa de fazer coisas que antes nos davam tanto prazer. Mas não pode acomodar. É preciso nos resgatar o tempo todo. E lá fui eu ao cinema me resgatar. Assistimos “O Lobo de Wall Street”. Preparando a lista para o Oscar. O filme possui uma direção bem sutil. Um Scorcese que me lembrou o de Casino, de 1995. Eu já esperava uma Margot Robbie embarangada e drogada com o decorrer do filme, como Sharon Stone. A construção desse universo delirante adolescente, uma euforia descontrolada e sem limites do materialismo e do consumo como identidade, foi muito bem feita. E amei o roteiro. Firme, bem construído. No final é o retrato do que vivemos hoje. Um mundo hedonista, que busca a satisfação imediata, sem esforços, que não consegue reconhecer o outro e acredita, piamente, que o valor de uma pessoa está em sua roupa, em seu carro, em seu poder de consumo. Assustador, e divertidíssimo ao mesmo tempo. Nisso a direção de Scorcese é precisa. Consegue causar uma sedução e um estranhamento ao mesmo tempo. Como a vida histérica que temos vivido em nossas relações e na exacerbação das redes sociais. Odiamos tudo isso, mas não conseguimos ficar longe sem checar as atualizações de nosso News Feed nem um pouquinho. 

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

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Stress pouco é bobagem! Já dizia o ditado. Como eu estou enfrentando nesses meses uma das fases mais punk da minha vida, e depois dos episódios de doença e cirurgia do ano passado, resolvi buscar ajuda onde posso. No passado os florais me ajudaram muito. Tanto que pensei até que era a pessoa mais sugestionável do universo. E acho que se pode ajudar, porque não, né!? Então, de volta aos florais, às deliciosas conversas com o Mauro, uma bela sessão de acumpuntura e reflexologia e muitas imagens da Ásia me esperando quando tudo acabar. Vamos lá, me fortalecer. Porque não está sendo fácil, não será fácil, e não tem ninguém ajudando a dar apoio. Estou sozinha nessa e preciso virar uma fortaleza. 

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

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Tanto Sol, praia, piscina... Já não havia nem resquício da ruivice em mim. Pior. Estava ficando loira. Como tenho que renovar minha carteira de identidade, achei melhor resgatar a ruivice antes de tirar uma foto que vai me acompanhar por tanto tempo. Eu descobri o Retrô Hair no ano passado. Na verdade já conhecia o salão, algumas amigas frequentam, mas eu mesma nunca tinha ido. Então, no casamento da minha irmã, fiquei tão insandecida organizando tudo, que esqueci de um detalhe: marcar horário para maquiagem e cabelo. Então nos 45’ do segundo tempo, liguei para meu cabelereiro, para minha cabelereira, para o cabelereiro da minha irmã, da minha tia, da minha avó... Todos sem horário. Então lembrei do Retrô. Fui no escuro. Com o profissional que me designaram. Cheguei atrasada, com pouco tempo. Quase desisti da maquiagem porque achei que não ia dar tempo. O Slad me perguntou quanto tempo eu tinha. Falei que tinha que estar no salão, de banho tomado, vestida, em 1h30. Sorriu e falou: “Sem problemas!”. Em 10 minutos ele fez meu penteado, e ficou um escândalo de lindo. Daí a Rafa arrasou na maquiagem em 30’, e eu consegui passar em casa, tomar banho com calma e chegar no horário para o casamento. Depois dessa resolvi usar os serviços básicos deles, e caí de amores. Agora quem corta meu cabelo é o Slad, e tenho amado! O lugar é todo moderno, cheio de móveis, carros e eletromésticos retrôs. Tem vários profissionais, de diferentes perfis, então dá para você encontrar aquele que vai mais de encontro com o seu estilo. Todo mundo tem tatuagem, alargador de orelha, ou usam acessórios que eu não tenho coragem de usar nem como figurino. Sempre me sinto meio careta demais quando estou lá. Mas gosto de pensar que ninguém ali está fazendo nada muito convencional. Aliás, tem um studio de tatuagem lá também. Você chega, e em vez de água e café, te servem uma cerveja ou guaraná caçulinha. Depois da lavagem você ganha uma massagem delícia e, o melhor de tudo, funcionam até às 23h! Nada de perder a tarde no salão. Nada de revista de fofoca ou música eletrônica também. O que rola nas caixas de som é rock. Adoro marcar horário às 20h30, e sair montada para tomar um cocktail, ou algum jantar. Ah, sim! O preço é super justo. Acho complicado discutir preço de serviços. Cada profissional é um profissional, e tem sua história, seu valor. Mas existe um limite de bom-senso, e de bolso. Com cabelo curto e colorido, por mais apaixonada que eu fosse pelos serviços de alguns profissionais que adoro, foi ficando inviável deixar pequenas fortunas por mês só para cuidar do cabelo. É uma combinação perfeita de preço, serviço, qualidade e astral. Adoro!

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

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Ok, eu me rendo! Comecei a assistir Breaking Bad. Não estava muito empolgada para começar a assistir. Embora todos meus amigos digam que é isso, e aquilo, e que é bom demais, e até deram mais um Globo de Ouro para a série, eu não estava muito empolgada com a ideia da trama não. Mas estou gostando da série. Não amando, (como foi quando me rendi à GOT) mas é uma boa diversão. E sem dúvidas, a estrutura da trama é muito boa. Uma bela aula de roteiro. Quem me lembrou foi minha mãe. Ela me ligou ontem para descobrir como acessar o Netflix da smartTV dela. Foi então que lembrei que eu também tinha Netflix na minha. E já que eles estão exibindo as 5 primeiras temporadas, porque não!? Sentei ontem e vi os três primeiros episódios. É o tempo de entender como a trama funciona - e acabar viciado pela série. Hoje avancei até metade da segunda temporada. Gosto de como os personagens são tridimensionais. Como eles possuem nuances, falhas de caráter, inseguranças, vícios, defeitos. São personagens bem humanos. Detesto quando as séries colocam as pessoas de maneira maniqueísta. Às vezes parecem robôs. Gosto de gente complexa, com jeito de gente de verdade. Me deu vontade de escrever mais roteiro. E de ver logo a próxima temporada de GOT. Na verdade é o que me deixa mais ansiosa. Todas as outras séries são passatempos enquanto não vem GOT. Bom, o inverno vai chegar. Enquanto isso eu atualizo minha lista de séries, estudo mais Doc Comparato e, quem sabe, com a arrumação do escritório, volto a escrever. Não escrevi nada ainda esse ano. 

domingo, 12 de janeiro de 2014

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Toda vez que minha empregada tira férias eu questiono a real necessidade dela. Vale lembra que eu não tenho apenas a síndrome de Stepford Wife, como sou uma ótima inspiração para os roteiristas de “Friends” quando eles criaram Monica Geller. Sim, sou neurótica com limpeza. Tenho minhas manias de como organizar cada coisa, e de que forma lavar, arrumar, limpar. Mas sou preguiçosa também. Por isso a empregada. Mas com a Jô em férias, acabo passando a maior parte do tempo arrumando e limpando a casa. Hoje foi a sala, a cozinha, quarto, varanda. Depois fiz compras, tudo saudável e orgânico. Voltei para casa e cozinhei, limpei a cozinha novamente, tirei o lixo e arrumei a geladeira. O supermercado estava cheio. Todo mundo fazendo compras da semana e arrumando a casa no domingo. Ainda acho melhor do que passar a tarde vendo Faustão. Taí uma coisa que não vão me ouvir reclamar. De ter passado o dia vendo Faustão. Esse é o tipo de coisa que nunca vou fazer. Tenho amor demais por mim mesma para fazer isso. Enfim, eu passei o domingo organizando a casa. Tenho um prazer enorme em cuidar da minha casa. Ela reflete diretamente meu estado de espírito. Quando não estou muito bem, fica tudo desorganizado. Sapato jogado na sala, pia cheia de louça. Uma das minhas propostas desse começo de ano é dar uma geral no escritório e no meu guarda-roupas. Estou adiando. Até comprei caixas, sacos plásticos de 100 litros, etiquetadoras. Está tudo jogado no chão no homeoffice, para meu desespero e deleite das gatas. Vamos ver! Dessa semana não pode passar. Eu morro de preguiça. Depois que começo, fico horas sem parar. Mas o difícil é começar. Por isso o compromisso público. Para eu ficar morrendo de vergonha caso não cumpra até o final da semana. Ou ter que exercitar a cara de pau ao prorrogar o prazo. De qualquer forma, a coisa está no limite. Não posso enrolar mais. 

sábado, 11 de janeiro de 2014

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Eu já fui uma pessoa baladeira. Essencialmente boêmia. Há 15 anos não me passava pela cabeça ficar em casa em um sábado à noite. Ou uma sexta-feira à noite. Ou qualquer outro dia à noite. A noite era uma criança, e eu juro que conhecia metade de São Paulo. De bar em balada, dançando rock, eletrônico, festas. Muito álcool. Hoje não sei onde essas pessoas todas foram parar. Não sobrou nenhum amigo de balada. Nem unzinho. Eu comecei a mudar meu estilo de vida. Comecei a ficar mais caseira, mais reclusa, e as pessoas foram sumindo da vida. No final acho que era isso mesmo. Só tínhamos a balada em comum. Também não sei o que eu conversaria com essas pessoas hoje. Há um abismo entre aquela época e quem eu sou hoje. Dou graças! Gosto infinitamente mais da pessoa que sou hoje. Então sábado à noite para mim é bom para ficar em casa, vendo filme, lendo livro. Tomando uma taça de vinho e ouvindo blues. Isso é programão para mim. Às vezes também arrisco um jantar. Ou chamo alguns amigos em casa ou, como foi hoje, sou chamada para a casa de alguém. É sempre um prazer ir à casa da Lalau e do Fê. Casal mais querido e mais desencanado do universo. Eles são tão amados que  a casa está sempre cheia. Chega gente, sai gente, abre mais uma cerveja, reabastece a tábua de brie. Entre conversas na varanda, ainda vamos alternando no campeonato de kinect. Melhor do que qualquer malhação! Fiquei 15 minutos dançando com a Valentina (filhinha do Fernando), e precisei passar o resto da noite me hidratando. Eu não sei quando acontece, mas existiu um momento em que eu abri mão dos mais de um milhão de amigos na pista de dança, para passar as noites de sábado dançando no computador com crianças de 7 anos. Posso confessar? Gosto muito mais dessa opção.


sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

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 A Jô entrou em férias hoje. Ela é minha empregada. Consegui a maravilha de uma empregada meio período. Para quem trabalha muito em casa é uma benção. Senão perco muito tempo de trabalho cuidando das coisas de casa. É complicado essa coisa de homeoffice. É importante ter disciplina nessas coisas. Então a Jô vem 4 horas por dia, mantém tudo em ordem, cuida das gatas quando não estou e ainda lava minha salada e pica as frutas. Deixa tudo em potinhos na geladeira. Isso já me salva tanto a vida! Jô chegou meio arrasada porque o cara do outro emprego dela a demitiu hoje. Demitiu porque ela pediu para tirar férias agora, e o cara queria que ela tirasse quando ele tirou e foi viajar em dezembro. Na verdade as férias dela só vencem comigo em março, mas adiantei para que ela pudesse ir para a Bahia visitar a família. Faz 10 anos que ela não volta para a Bahia. Enfim, fui no banco retirar o dinheiro do pagamento dela. Férias, 1/3 e proporcional trabalhado de janeiro. Saindo do caixa eletrônico, vejo uma senhora muito esperta saindo de um Corsa que tinha acabado de estacionar na vaga de deficientes. Quando vi a Dona toda saltitante, não resisti: “Ué!? Mas cadê a sua cadeira de rodas?”. Ela respondeu o clássico “Vou ali só um minutinho...”. Dei bronca. Igual a gente faz com criança. Porque quem faz esse tipo de coisa é igual criança malcriada. Precisa conhecer limites, precisa ficar de castigo. Balancei o dedo e falei: “Ai, ai, ai, Dona! Num pode! Nem por um minutinho! Muito feio isso. Vai tomar uma multa!” A Dona não gostou. Saiu resmungando, querendo bater boca. Mas eu não bato boca. Eu tiro foto e posto em tudo quanto é rede social. Porque quem faz malcriação fica de castigo, na frente da sala, pra servir de exemplo para os coleguinhas. Se as pessoas não mudam por consciência, por partilharem um senso comum de coletividade, de compaixão, de respeito ao próximo... as pessoas vão mudar porque vão passar vergonha. Se cada vez que uma Dona (ou um tio) como essa fizer xixi fora do pinico desse jeito, alguém sacar o celular e botar a foto em tudo quanto é lugar, pode ser que pelo menos com o medo da exposição as pessoas passem a se comportar direitinho em sociedade. Não fazer vergonha para as visitas. É. A vida é um grande playground. Não vamos nunca sair do jardim de infância. 

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

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Eu trabalho bastante. Faço muitas coisas ao mesmo tempo. Só dou conta porque durmo umas 4 horas por noite e não tenho vida social. Tenho uma carga de trabalho que é intelectual, depende de criatividade, de uma conjunção danada de coisa. Outra carga é de resolver problemas, tomar decisões, fazer escolhas, planejamento. Às vezes preciso fazer reboot no sistema. Não tenho a capacidade de mudar de uma coisa para a outra rapidamente, então vou fazendo da minha rotina um quebra cabeças. É como aquela atração que ia no Show de Calouros, do cara equilibrando vários pratos. Eu vou tentando equilibrar os pratos. Tem dia que tenho que correr e concentrar em um pratinho só. Outros consigo dar uma mãozinha para cada um. Hoje foi um dia que precisei concentrar nos negócios da família. Não é uma escolha que se possa fugir muito, mas uma missão que acabei aceitando. Houve um momento da minha vida que a família precisou de alguém que assumisse algumas responsabilidades. Abri mão de muitas coisas, mas era a única que podia fazer isso. Era isso, ou ver minha mãe não resistir. Então eu fui lá, fiquei ao lado dela, assumi as responsabilidades. Espero em breve que esse ciclo se encerre. Que eu não precise mais cuidar disso. Mas por enquanto ainda toma muito do meu tempo e da minha energia. Decisões para tomar, planejamentos, planilhas, balancetes, reforma da piscina, crise de ciúmes entre equipe, folha de pagamento, reunião com advogado, com arquiteto, com empreiteiro, conversa com gerente de banco. Algumas coisas são frustrantes, porque não saem exatamente como eu queria. Outras preciso fazer vista grossa e domar meu virginianismo. O tempo todo concentrar nos interesses globais da empresa e saber manter o foco no que é essencial e relevar o que não vai alterar em nada nossas estratégias. E no final do dia, o pratinho está lá rodando. Ainda que eu saiba que ficaram milhares de pendências que eu deixei para trás, até que se tornem urgentes, e me obriguem a correr e não deixar o pratinho estatelar no chão. 

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

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Respira. Inspira, espira. 
Último item da minha “Foca List” da semana: arrumar o escritório. Que fique registrado que esse item está há uns 6 meses na listinha da foca, mas eu sempre vou empurrando com a barriga. Hoje comecei. Papeis espalhados pelo chão, caixas, muuuito lixo... então recebi um desses telefonemas de acabar com o dia da gente. Desses que dão um nó no estômago e me fazem lembrar que a vida tem seus episódios chatos, e problemas. Às vezes tenho medo de não conseguir segurar a bronca toda. Às vezes não. Sempre. Então fico doente, fraca, e sem capacidade de trabalhar. Não consigo fazer mais nada. Nem escrever uma linha. Abandono o capítulo no meio, os papéis no chão. Pego um litro de sorvete e esqueço a detox por algumas horas. Assisto Friends e Simpsons, e qualquer coisa que me faça dar risadas. Eu preciso me anestesiar para conseguir passar por esses dias...


Deve ser legal a sensação de ter pai. Eu queria muito ter pai. Pai de verdade, não esse ser humano egoísta, manipulador, perigoso, que só destrói minha vida. Nunca tive pai. Nunca tive aquela figura masculina boa, paternal, amável, que me fizesse sentir segura e com quem eu sentisse que nada de ruim pudesse me acontecer. O perigo, os riscos, as ameaças, as humilhações sempre vieram dele. Sei que existem pais por aí. Pais de verdade. Não igual ao meu. 

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

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Hoje foi dia de dar banho nas gatas. Sim. Eu dou banho nas minhas gatas. De 15 em 15 dias. Sou virginiana e tenho asma. Então é assim aqui em casa. Muito Allegra, muito bronquiodilatador e gatas escovadas e banhadas frequentemente. Dar banho em gato pode ser bem arriscado. Em duas então... é preciso desenvolver técnicas ninjas! Quer saber como dar banho em gato? Aqui vão dicas práticas para se superar na arte de banhar felinos e sobreviver para contar:

  1. Antes de mais nada, tranque a gata no banheiro. Se ela descobrir suas intenções, podem se passar alguns anos até que você encontre onde a gata se escondeu. 
  2. Esteja pronta para se molhar. Você vai. Muito.
  3. Proteja seu corpo. Roupas de neoprene 7mm são úteis. Uniformes de rugby, ou um escafandro, também. 
  4. Coloque uma música bem alta. Para abafar os gritos da criatura e evitar que os vizinhos chamem a Sociedade Protetora dos Animais.
  5. Corte as unhas da gata antes. (Essa é uma outra missão impossível, mas evita que você precise de pontos depois). 
  6. Feche a janela do banheiro. Acredite, sua gata pode sair voando, mesmo que seja por uma fresta, para fugir da água.
  7. Deixe água oxigenada e nebacetin à mão. Você vai precisar!
  8. A cabeça é a parte mais crítica. Comece sempre lavando o corpo todo primeiro antes de molhar a cabeça.
  9. Seja rápida ao lavar a cabeça. Elas ficam insandecidas.
  10. Aguente as mordidas com bravura!
  11. Converse com a sua gata durante o banho. Eu procuro dizer coisas como “Eu sei, eu sei, é horrível!”, “Desculpe! Já vai acabar, eu juro!” ou “Calma, meu amor, calma! É como a chuva, é igual tomar chuva.” (Funciona. Holly sempre me abraça e parece um bebezinho abandonado quando falo essas coisas.)
  12. Seja firme. Não tenha medo de segurar as patas, o corpo, puxar a pele da nuca ou quebrar algum membro (da gata ou seu) para imobilizá-las quando necessário.
  13. Enxugue a gata o máximo que puder com uma toalha antes de usar o secador. Quanto menos você precisar do secador melhor. Para as duas.
  14. Assim como a água, a cabeça é a parte mais crítica para secar. Eu as deixo se esconderem no meu colo, enquanto seco o restante do corpo.
  15. Abra mão de secá-las totalmente. É impossível!
  16. Elas vão te odiar por alguns dias. Prepare-se para retaliações.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

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Hoje comecei uma detox. Comecei a academia também. Queria voltar para a academia que eu fazia antes, que ficava dentro do shopping e tinha tanta coisa, mas tanta coisa, que parecia um clube. Tinha até spa e ofurô no vestiário. Academia de gente rica. Mas aprendi que, por mais que se ame o lugar, na hora de malhar o que conta mesmo é a praticidade. Então estou fazendo uma aqui no bairro mesmo, é só atravessar a rua. Custa também 1/3 do que custava a outra. Mais um ponto para a academia do bairro. Tomei meu suco verde e fui. Suco verde foi uma das minhas grandes descobertas de 2013. É vida pura. Sinto meu corpo literalmente energizar enquanto vou engolindo a gororoba verde. As regras são simples:

SUCO VERDE
1 verdura verde escura
1 verdura qualquer (acelga, salsinha, aipo, agrião)
2 frutas (de preferência 1 maçã)
1 legume (sempre vou de cenoura ou pepino)
linhaça
gengibre
água

Meus segredos? Uso sempre couve como verdura principal, e salsinha (porque é diurético). Maçã é minha fruta base, assim aproveito e sigo o ditado “An apple a day, keeps the doctor away”. Uso água de coco para deixar ainda mais saboroso e é um super isotônico. Dá um copão de suco que engulo de uma vez só. Vida pura! Para a couve não estragar, já que ela amarela bem rápido, deixo fatiada e congelada. Vai direto para o liquidificador. Antes de correr tomo um copo de água com limão e o suco verde... pronto, sou energia pura! Tanto que me surpreendi. Encarei não apenas 5,5K na esteira, como uma aula de spinning e uma de abdominal em seguida. Acho que fazia uns 10 anos que não fazia aula de spinning. Lembrei porque eu gostava tanto. É como uma balada em cima da bicicleta. A música estimula, o astral é alto, mas você se coloca a prova o tempo todo. Tem sempre um objetivo para alcançar. Achei que não ia conseguir levar a aula até o final, enferrujada como estou... cheguei a quase morrer de ataque cardíaco nos primeiros 15 minutos. Já estava preparada para a vergonha. "Aluna nova desmaia e baba no primeiro dia de aula". Mas depois entrei em um platô, daí fazer a aula se tornou agradável e até confortável. Pensei até em encarar algumas braçadas na piscina depois, e brincar de Triathlon, mas tinha que trabalhar. De qualquer forma a ideia ficou na cabeça. Fazer a sequência corrida-spinning-piscina, nem que seja uma vez por semana, pode ser divertido... No almoço fiz um mega sopão detox também. 


SOPÃO DETOX
1 repolho verde
3 tomates
1 cenoura
1 chuchu
1 abobrinha
15 vagens
1 cebola
linhaça 
flor de sal

Tudo orgânico. Manda tudo na panela de pressão e depois bate no liquidificador. O certo seria passar uns três dias à base de sopão e suco verde, até desintoxicar tudo. Mas eu não consigo. Nem quero conseguir. Comi salada, algumas frutas, iogurte (a única coisa industrializada do dia). Acho importante entreter meu paladar. Não quero ficar entediada, nem terminar odiando suco verde e sopa detox. As coisas precisam ser leves, precisam ser gostosinhas. Senão é tortura. Não é natural. E a ideia toda da detox é exatamente o oposto, é reequilibrar nosso estado natural. 

Amanhã vou resgatar a meditação. Precisando colocar ordem no meu espaço interior. 

domingo, 5 de janeiro de 2014

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Terminei meu primeiro livro do ano hoje. “Quinta Avenida, 5 da manhã - Audrey Hepburn, Bonequinha de Luxo e o surgimento da mulher moderna” de Sam Wasson. Uma mistura que não tem como não me agradar. Meu filme favorito, Audrey, Capote, cinema e uma análise da evolução dos direitos de gênero através da minha personagem. O livro estava na minha lista de procrastinação. Comprei em uma das minhas idas à livraria. Quando tenho uns acessos de vontade de ler o mundo todo, me apaixono por todos os livros e levo o que o cartão de crédito aguenta para casa. Achei que o livro seria mais superficial, mas também não é uma análise sociológica profunda. É uma narrativa divertida, que estimula a curiosidade por bastidores que todo cinéfilo tem. Não tem a ambição de ser a biografia de ninguém, mas acaba pincelando sobre a vida das pessoas mais influentes para a realização do filme. No final é isso, um relato de como essas pessoas acabaram juntas fazendo “Bonequinha de Luxo”, e porque esse filme representou um marco no papel das mulheres no cinema. Pela primeira vez uma mulher tinha uma sexualidade mais libertina, conquistava a simpatia dos telespectadores e ganhava um final feliz. Ainda que esse final seja careta e conservador. Perdi o hábito de ver filmes. Eu via tantos filmes. Via tudo o que estava em cartaz, tudo nas prateleiras da locadora. Passava os feriados emendando sessão atrás de sessão nos cinemas da cidade sozinha. De uns tempos para cá andei tendo “medo” de ir ao cinema sozinha. E como tudo na vida, se for esperar alguém para fazer as coisas junto, você acaba sem fazer nada. Coisa de quando a gente envelhece e fica bundona. Mas já estava na lista de promessas de ano novo: ir ao cinema toda semana. Pelo menos uma vez por semana. Ver mais filmes. É o mínimo para alguém que se formou em Cinema. Aproveitando o pique, passei o dia vendo filmes que perdi no cinema. Aluguei no Now, abri o Netflix e tive um domingo perfeito de muitos filmes e pipoca, como há muitos anos não tinha. 

sábado, 4 de janeiro de 2014

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Peguei um ônibus para voltar para Sampa pela primeira vez na vida. Sempre uso a ponte-aérea. Gasto minhas milhas indo e vindo, mas como as passagens estavam o absurdo de 50.000 milhas a perna para voltar para casa, resolvi usar o Plano B. Fazia tanto tempo que não viajava de ônibus. Acho que estou virando uma mochileira preguiçosa. Fazendo tudo de avião. Chegar na rodoviária foi nostálgico. Me lembrei da época que mochilava na raça. Pré-internet, hostelword e app de celular. Acho que essa molecada que mochila hoje nunca vai saber o que é deixar o destino para o acaso da rodoviária. Chegava carregada com a mochila e tentava descobrir como fazia para sair da cidade onde eu estava e chegar onde queria chegar. Algumas vezes olhava para os letreiros do balcão de viagem e decidia ali um lugar para ir. Outras tinha que mudar o destino porque o próximo ônibus para o lugar que eu queria só partiria em 3 dias. Acho que a internet tirou um pouco da espontaneidade de mochilar. Talvez isso seja uma ideia legal de resgate para 2014. Foi gostoso também descobrir que os serviços de ônibus melhoraram muito desde minha adolescência. Mudanças muito bem-vindas! Um dos maiores perrengues que já passei na vida foi viajar 36 horas em um ônibus comum a caminho da Bahia. Hoje vim em ônibus leito, luxo total! Assento enorme, mega confortável. Li quase um livro inteiro e ainda admirei a vista do interior de São Paulo. Que delícia isso! Isso é que é estar "on the road" de verdade. Parada em posto de estrada, biscoito de polvilho e a mente sonhando com todas as viagens que eu ainda vou fazer enquanto o asfalto passa pela janela ao lado. 

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

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Levantei cedo para tentar correr, mas parece que o Sol levantou antes. Mesmo assim fiz 6K na orla de Copacabana, entre caminhada e corrida, suando em bicas, mas feliz pacas. Gosto de fazer exercícios ao ar livre. Gosto muito de praticar esportes ao ar livre. Me ajuda a sentir viva. Comprei o jornal e tinha a notícia do homem que roubou a arma de um policial e desencadeou um tiroteio no Reveillon. Parece que a mulher dele, que estava sendo espancada por ele e foi salva pelo policial, o perdoou. Parece que agora a culpa toda é do policial que salvou a vida dela. Impressionante como tem mulher que não tem auto-estima, que se submete a ser tratada como lixo. O ano mal começou e essa é a segunda que vejo. Vontade de dizer “Bem-feito!”. De desejar que ela fique sofrendo com o cafajeste. Mas a coisa não é tão simples assim. Esse tipo de mulher está doente. Não conseguem nem enxergar o quão submissas e patéticas são. Não acham que estão fazendo nada de errado. Essas precisam da nossa ajuda, mais do que qualquer outra. Uma desprogramação machista. Um trabalho de resgate de auto-estima. Fico desanimada quando vejo mulheres que permitem desrespeito, que permitem abuso. Acabam criando um álibi para que canalhas sejam canalhas com todas nós. Tava também no jornal que a praia está poluída, a água turva e com cheiro. Mesmo assim fui à praia, mas só porque Manú disse e garantiu que estaria na Barraca do Baiano. Fui e ainda roubei a prefeitura no Foursquare dela. Não encontrava com a Manú há mais de um ano. O tempo passa rápido e se não ficarmos atentos, nos perdemos. Eu, ela e a Evelyn ficamos horas embaixo de guarda-sóis, falando, rindo e dando força umas para as outras. Torcemos para não pegar micose, desviamos de absorventes na areia da praia, e quando o calor atingiu o pico, corremos para casa fazer lasanha de berinjela e tomar suco de tangerina. Meu incomodo é tão grande que sinto vontade de lamber pedras de gelo o tempo todo. Estou igual ao cachorro da Y. Um Terranova de 60Kg, preto e peludo, que está com insolação. Alguém precisava me jogar pedras de gelo. Se me sobrasse um tequinho de coragem, tinha entrado gritando no Zona Sul fingindo que me roubaram um rim, só para me jogar em uma das caixas de gelo. Rodei cinco padarias do bairro até encontrar um pote de sorvete ded litro. Parece que o Rio de Janeiro inteiro também está sentindo necessidade de lamber gelo. Os sorvetes evaporam das geladeiras. Adoro a sensação de encontrar o que procuro. Também adoro a sensação de pele fresca de banho quando a brisa bate, o frescor das minhas coxas na saia do vestido, e o frescor de descobrir um ar-condicionado. Toda vez que entro em um lugar com ar condicionado me sinto como naqueles filmes de ação, em que o mocinho foge da explosão e fecham a porta de contenção atrás dele bem no momento que o fogo vai atingí-lo. Comi cerejas, um pote de sorvete e terminei a noite  no Carioca da Gema, ouvindo samba da Teresa Cristina e cumprindo a promessa feita à Ana e à Cathy de finalmente sair com elas no Rio. Apesar de eu estar rabugenta e quase odiando o Rio (e eu não quero odiar o Rio), me sinto muito amada aqui. Tenho pessoas aqui. Uma família carioca. Foi o tantinho de bateria que eu precisava carregar para começar esse ano. Quero que ele seja assim: cheio de pequenos prazeres, encontros, pessoas amadas e felicidade.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

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O calor tem testado meus limites de sanidade e me fazendo pensar em como pode essa ser a tal “cidade maravilhosa” se a imagem mental que me traz é do inferno nos desenhos animados do Pica-Pau. Na busca de ar respirável (leia-se “ar condicionado”) arrastei os dois gringos que estão hospedados comigo na casa-hostel do Má e levei para passear no centro. Fomos ver a exposição da Yayoi Kusama, uma artista plástica japonesa que estourou nos anos 60 e é piradinha da Silva! A exposição caiu no gosto dos cariocas, e de todos os turistas visitando a cidade. Digamos que já vi ideias de falos bem mais interessantes... mas a viagem vale a tarde. A superlotação faz a exposição tomar uma outra perspectiva também. Um enxame de pessoas consumindo vorazmente coisas que nem fazem muita ideia do que quer dizer. Achando divertido sofás cheios de pontinhos e se intoxicando de doces e salgados na Confeitaria Colombo. Se estapeando para pegar uma garrafa de cerveja e um empada de qualquer coisa no Bar Urca, e arrastar para o meio da rua enquanto compensam o péssimo atendimento olhando para o mar e reafirmando para si mesmos: eu sou feliz! Tenho crise de asma com essas cenas. Acho claustrofóbico, sufocante. Larguei minha empadinha errada na mureta da calçada e fugi só com a latinha de guaraná. Me tranquei no ar condicionado do cinema, assisti “A Vida Secreta de Walter Mitty” e lembrei por duas horas do quanto é fácil a gente cair no piloto automático e deixar de viver. Sai de lá feliz, decidida a fazer uma monte de coisas esse ano, a escrever um monte de páginas e a me empenhar em realizar sonhos e não apenas fantasiá-los. Achei um bom filme para começar o ano. 


quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

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Existe aquela brincadeira no Twitter de que cada ano é um novo capítulo da vida, com 365 páginas. Então as pessoas escrevem sobre seus dias e acrescentam a hashtag #PageXof365. Para marcar as páginas do livro, e os dias da vida. Adoro a ideia. A ideia de que cada dia é uma página em branco. Eu adoro o desafio de páginas em branco. Portanto esse ano resolvi comprar a brincadeira. Escrever um livro inteiro, de 365 páginas. Cada dia, com foto no Instagram e texto aqui no Blog. Um livro de 2014. Espero que a brincadeira não fique entediante. Sinal de que a história não está bem contada. Mas vamos. É um novo ano. É uma nova proposta. E eu comecei assim:



Ainda no Rio. Recebi uma notícia muito triste de um grande amigo. Chorei aos baldes quando desliguei o skype e quebre a promessa que tinha feito à meia-noite de não fumar mais. Depois resolvi esperar. Esperar o que a vida traz de notícias. Esperar até ter certeza da gravidade das notícias. E celebrar a vida que é certa. Saí com amigas em busca de uma cachoeira, mas parece que foi a ideia de todo o resto da humanidade. O Rio está quente, insuportável, lotado. Começo a sentir ímpetos de fuga. De sair daqui desesperadamente. Mas o final da tarde foi mais fresco. Foi de encontro grande com a turma no Posto 8 para ver o Sol se por e muito sentimento de pertencimento. Existe essa palavra? Pertencimento? Inventei!

Primeira lição do ano: É preciso prestar mais atenção nas ações das pessoas do que nas palavras. Palavras são vazias. As ações é que contam. Esse é um ano para calar as palavras que recebo e redobrar a atenção às ações à minha volta.