domingo, 16 de fevereiro de 2014

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Vi uma exposição (muito boa por sinal) da Tracey Emin na White Cube Gallery em São Paulo. É aquele tipo de arte extremamente perturbadora pela honestidade e capacidade de exposição da artista, e ainda pela fragilidade que ela adquire em sua loucura. Tracey é uma dessas mulheres com as quais a gente se identifica de imediato. Primeiro porque ela está lá, nua, literalmente, passando gilete em todas as feridas, não deixando barato tudo o que é ser mulher nessa vida. Embora eu tenha milhões de reservas com discursos feministas, esse é um tipo de ativismo que eu acredito. Porque não dá para ficar ileso, indiferente, vendo suas instalações, enxergando sua carência e sua ferocidade em neon. Ser mulher é meio isso. Essa grande contradição entre ser vítima e algoz. Entre a fragilidade impotente e a fúria destruidora. Vi que o MOCA (Museu de Arte Contemporânea de Miami) estava com uma exposição dela, e fui conferir. Não era tão interessante quanto a que vi em SP, e as peças se restringiam basicamente aos neons. E uma instalação, desconcertante. Uma narração em audio, com uma tela em estática constante, em que Tracey fala de sua adolescência, da liberdade sexual que se atreveu a assumir em uma comunidade machista e limitada, e a castração sexista que sofreu por ousar ser livre. É enternecedor, ao mesmo tempo um tanto revoltante. Quando pensamos o quanto as pessoas são crueis com aquelas mulheres que ousam lidar com a própria sexualidade livremente, e ainda, quando nos damos conta da nossa própria covardia em fazer o mesmo. 

sábado, 15 de fevereiro de 2014

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Hoje a única coisa que eu comprei foi a GoPro que o carioca pediu. Estou enfadada de consumir. Juro, isso é possível. Não aguento mais entrar em loja, dirigir, carregar sacola, olhar prateleira, empurrar carrinho entre corredores. Eu sei que tem muita gente que faz compras dias e dias seguidos. Que tem isso meio como estilo de vida. Eu adoro fazer compras. Mas não está no meu sangue desse jeito. Estou cansada. De bode. Peguei o carro e fui dar uma volta por Miami Beach. Como está acontecendo o Boat Show, o trânsito está infernal. Pleno sábado, as ruas ficam travadas a ponto de desligar o carro e pensar na vida. Parece que a cidade também está mais cheia por causa de um feriado nacional segunda-feira. As pessoas aproveitaram para fugir da Era do Gelo que está rolando no norte e vieram produzir um pouco de vitamina D. O feriado é pelo “Presidents Day”. Sério! Os caras tem um feriado nacional para celebrar os presidentes. Ah, se a moda pega no Brasil!!! Imagina só!? Um dia para celebrar Collor, Lula, Sarney, FHC, Itamar, Figueiredo, Geisel e Jango. Dou risada sozinha no meio do café só de tentar imaginar uma coisa dessas... Mas, enfim! Como eu não celebro dia de presidente nenhum, passeio pela praia como se fosse outro dia qualquer, comum. Fez um dia lindo. Sol, céu firme e azul. As pessoas estão todas na rua, jogando, andando de bicicleta. Calor faz a gente ter vontade de viver mais. Eu fui andar os cerca de 2Km do Deco District, porque adoro ver aqueles prédinhos em cores pasteis. Entre a Ocean Dr e a Collins Ave é uma maravilha ficar horas admirando as linhas, as janelas redondinhas, as varandas com blocos vazados. Eu não entendo nada de arquitetura. Sou leiga no nível “gosto-nãogosto”.   Por exemplo: Gosto das linhas curvas do Copan. Não gosto das carambolas roxas do Ruy Ohtake. Embora eu seja leiga em conhecimentos técnicos, adoro apreciar. É algo que sempre faço quando vou viajar. Em Bruxelas pode-se fazer alguns circuitos bem interessantes arquitetônicos. Praga é um desbunde. Parece até um museu a céu aberto. Gent, que foi o berço da revolução industrial, tem uma arquitetura tão forte que te faz entender uns 2 semestre de aula de história. Mesmo Havana Vieja, que está sendo restaurada agora, conta tanto para a gente só com as suas fachadas pela metade. Miami tem essa particularidade. Entre o pastelão cafona de prédios espelhados e ostentação vulgar, uma milha tombada pelo patrimônio histórico, faz a gente viajar por um tempo mais lúdico e simples. Onde parecia mais simples ser feliz. Onde talvez as pessoas não precisassem comprar tanto e consumir tanto para se sentirem bem consigo mesmas. Uma ilha no meio da barbárie superficial que é o resto da cidade, aquela 1 milha com cor de bala, me fez sentir vontade de voltar a fotografar. Faz muito tempo que não tenho vontade de simplesmente pegar a câmera e sair pela rua fotografando. Me arrependi de não ter trazido nenhuma da minhas tantas câmeras. Ainda bem que das complicações que inventamos com os anos, a câmera embutida no Iphone seja uma das boas. 








sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

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Hoje eu sentei na cama do hotel e chorei. Muito. Comprei meu equipamento de mergulho na Divers Supply (aliás, nunca, em hipótese alguma, usem essa loja!!!), paguei entrega expressa para garantir que chegaria em tempo no meu hotel. Tudo planejado e controlado. Hoje descubro que:

  1. Eles não estão mandando metade dos itens da minha seleção (coisas essenciais como regulador e BC), porque não tinham em estoque, embora os produtos aparecessem lindos e maravilhosos como disponíveis no site.
  2. O reembolso dos valores já cobrados e que eles não vão entregar será feito em apenas 5 dias úteis, ou seja. Limite do cartão bloqueado para novas compras até lá.
  3. Embora eu tenha pago extra para receber os produtos em 2 dias úteis (o que seria hoje), eles só despacharam tudo ontem, e a entrega será feita na segunda-feira. Só que meu vôo sai às 6h!!!


Então eu chorei. Porque por um minuto eu não sabia o que fazer. Como ia resolver tudo. Já estou fazendo um investimento enorme comprando todo esse equipamento de uma vez. Não tenho bala para comprar tudo de novo. Chorei, chorei. Porque também acho que é bom chorar quando a gente tem vontade. E eu não sou forte o tempo todo. Mas eu sou sim muito resiliente. Então eu choro, porque não ignoro dor, não ignoro dificuldade. Mas também não deixo que elas rejam minha vida. Chorei por 10 minutos. Depois comecei a resolver a vida. O libertador de não materializar as coisas é que podemos encarar tudo como energia. Relações, possibilidades, dinheiro, coisas. Tudo é energia. E energia é mutável. Se transforma. Então eu fui mexer a energia para ele mudar. Para ela se transformar e transformar o perrengue todo com as compras de equipamento. Dei uns telefonemas. Mexi uma coisa de um lado, outra coisa de outro. Passei mais limite para o cartão de crédito. Comprei outra passagem de volta para terça-feira. Tomei um banho e sai. Para comprar tudo de novo. Vim aqui comprar meu equipamento de mergulho. Vou voltar com o meu equipamento de mergulho. Completo.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

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Cenário da corridinha de hoje cedo. Não é que se olhar no fundo, bem no fundo, Miami também tem suas coisas legais!?


De todos os lugares que já viajei, Miami é o que menos gosto. Na verdade acho Miami horrível. As pessoas são bregas, tudo exige uma mistura de cores tão forte quanto duvidosa. As unhas são postiças. Os cabelos também. A cultura de ostentação é tão intrínseca  ao estilo de vida deles, que todo mundo tem cara de novo-rico. Todo mundo tem cara de quem ganhou na Mega-Sena na semana passada e abandonou o puxadinho da casa da sogra em Guaianazes. Tão superficial e forçado, que cruzei até com uma Feira de Yatchs na entrada de Miami Beach. Um corredor de barcos escandalosamente luxuosos aportados em um dos canais, oferecendo champagne para os visitantes e exibindo mulheres de corpos perfeitos fazendo pose em biquinis. Clichê, clichê, clichê!  Mas tento mudar minha opinião. Ainda que eu não consiga me ver morando aqui nem em umas três encarnações, não gosto de condenar um lugar de vez. Há sempre algo de bom, e eu tenho por regra aceitar os lugares como eles são. Esses dias tenho dirigido para cima e para baixo procurando coisas para gostar aqui. Tem o mar, que fica pertinho, e canais, e árvores. Isso dá um ar muito gostoso a qualquer cidade. E as ruas são muito largas, tem muito espaço para onde quer que você olhe. Isso também é uma coisa legal. Mesmo com o trânsito - que é constante e em todo lugar - a gente não se sente clautrofóbico. O quarteirão art deco também é uma coisa linda. Pena que a fauna me dá pavor, mas aqueles prédios são tão lindos, que parecem cenários. Acho um tesouro. Embora eu tenha muito mais motivos para não gostar do que para gostar de Miami, ainda assim é o lugar mais perto, mais barato e mais prático quando precisamos fazer compras. Aqui tem uma Diver’s Direct, que é uma megastore de roupas e equipamentos de mergulho. Vários outlets. Fica na costa, então dá até para arriscar ver uns tubarões ou recifes de corais. Então Miami é isso. Conveniente. O hotel que reservei fica uma quadra da praia, e de um parque perfeito para minhas corridinhas matinais. Para eu ir já amaciando os novos tênis de corrida (Compro um por ano, sempre aqui. Sempre da Brooks.). Atravessei a rua e comecei a correr pela pista do pequeno parque. Sim, não é muito grande. Cerca de 1K de comprimento, bem a beira mar. Tinha algumas mesas de picnic, playground para crianças e uma área reservada especialmente para cachorros, com divisão para cães de pequeno e grande porte. O mais legal foi cruzar com as pessoas correndo. Velhinhos fazendo suas caminhadas matutinas, grupo de amigas correndo e tagarelando, executivos e seus personal trainners. Apesar de ser inverno, tem feito 26-28o todos os dias. À noite cai para 21o, mas ainda bem confortável. Um clima bem agradável. A gente começa a entender melhor uma cidade quando enxergamos como seus moradores a ocupam. Foi muito bom ver gente de verdade na rua, fazendo exercícios. Tinha uma imagem de que em Miami ninguém anda à pé. Estão sempre em seus carros, sugando água açucarada por canudinhos e ouvindo R&B. Existe uma Miami que é cheia de qualidade de vida. Admiro quem sabe ter qualidade de vida. Quando atingi os 5K uma chuva forte caiu fazendo as pessoas fugirem do parque. Eu ainda corri 1/2K antes de me dar conta de que era chuva, molhada, fresquinha, e que fazia muito tempo que eu não sabia o que era ficar molhada de chuva. Parei de corre, olhei para o céu, deixei a chuva cair na minha cara. Fechei os olhos até sentir que estava mesmo enxarcada. Depois, fui andando devagar de volta ao hotel, com um sorrisão molhado no rosto. Miami continua sendo feia, cafona, superficial e de mal-gosto. Mas já descobri que, quando for preciso, é possível achar pequenos momentos em que a vida é autêntica ainda por aqui. 

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

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Vi esse vídeo pela manhã e me emocionou tanto que levei pelo resto do dia. Para mim a única coisa que importa é como se resolve viver. Que vida você escolhe viver. Vida de verdade não é cheia de glamour, festas, fama, fortuna. Vida de verdade é isso aqui. Amor, olho no olho, superação. Essa é a que eu escolhi viver. Porque todos os dias de manhã eu me reinvento, me arranco da cama e tento fazer diferente. Nem sempre funciona, aliás. Dá mais errado do que certo. Mas eu continuo levantando da cama todos os dias, e tentando. 


terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

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Peguei umas milhagens em dezembro e marquei uma viagem para Miami, para comprar equipamento de mergulho. Como era milhagem, vôo com escala longa. Aquelas coisas que deixam a gente meio exausta, mas eu ainda tenho pique para encarar. A situação do aeroporto de Guarulhos é realmente sofrível. Faltam informações para todos os lados. Os cafés são absurdos de caros. Fui comprar um simples café com leite para conseguir ficar em pé, já que acordei às 4h, e me cobraram R$7, a atendente demorou 30 minutos para servir, e quando desisti de esperar e pedi o café para viagem, ela resmungou, xingou e disse que eu não tinha paciência de esperar. Que o problema do mundo era que todo mundo queria as coisas na hora só sabem exigir. Pois é, 30 minutos para um café com leite é algo muito imediatista. Nem discuti com a moça. Ela está na linha de frente e as coisas que estão erradas com o atendimento dela vão bem além daquele balcão. Peguei meu café e saí. Meu vôo ia primeiro para Manaus, onde eu ficaria por duas horas em escala, e depois para Miami. Fiquei trabalhando em outra área do aeroporto até dar a hora do embarque. Quando desci para o meu portão, que vergonha. Centenas de pessoas abarrotadas em uma sala de espera minúscula, sem assentos suficientes, que ainda atendia 4 portões de embarque. O vôo estava atrasado, então as pessoas não tinham onde ficar. Senhores de idade jogados de um lado para o outro, deficientes físicos sem ter onde se colocar, crianças pelo chão. Acho tão desumano como as autoridades consideram aceitável esse tipo de situação. As pessoas tentam manter a dignidade, mas vê-se o sofrimento o cansaço em seus rostos. Será que era porque os vôos que seriam embarcados naquela sala eram todos para Manaus, Fortaleza, Salvador? Será que a sala de embarque para Zurique também está assim? Quem será que vai usar os novos e modernos terminais de Cumbica? Me chamaram no microfone do check in e acabaram me passando para um vôo direto. Saí do embarque nacional e fui para o internacional correndo, quase sem dar tempo. Engraçado como estamos fazendo cada vez mais com que a experiência de sair do país seja mais prazerosa do que ficar por aqui mesmo. 

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

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Eu nadei muito na adolescência. Participava de competições. Ganhei até algumas medalhas! Nada muito importante, mas era meu esporte, junto com o handbol. Os treinos eram longos. Saía da piscina faminta e atacava dois cachorros quentes de uma vez. Era uma fome sem fim. Ainda assim não engordava um grama. Eu era tão seca que meu apelido era “saracura”, por causa das minhas pernas compridas e finas. Aos 15 anos abandonei a natação. Meus ombros começaram a desenvolver, e eu ficava com vergonha. Vê se pode! Vergonha da postura linda de nadadora! Coisa de adolescente. Ah, se a gente soubesse naquele tempo o que a gente sabe hoje. E cá estou eu me flagrando com as mesmas reclamações que todas as gerações antes de mim também tiveram. Quando mudei para esse apê onde moro, olhei para a raia da piscina do prédio e prometi: vou nadar todos os dias. Na verdade nadei apenas um dia. Desci de maio, toquinha de silicone e óculos. Muito mais lenta do que há 20 anos, obviamente, mas a técnica ainda intacta. Fiz os quatro estilos, só para provar a mim mesma que ainda posso. Depois esqueci, e não nadei mais. Hoje, com essa nova fase de trabalhar na piscina, resolvi descer de maio, toquinha e óculos. Entre uma bateria de texto e a programação das mídias sociais, aquele tempo em que antes eu tomava um café e fumava um cigarrinho (já que agora eu não fumo mais), pulei na piscina e dei umas braçadas de crawl. Fantástico! A cabeça fica calma, meus ombros (que sempre doem e ficam tensos do computador) relaxaram e ficaram mais flexíveis, a endorfina se espalhou pelo meu corpo e eu senti aquela maravilhosa sensação de total bem-estar. Voltei para o computador e produzi o dobro! Depois de algum tempo, mais uma pausa. Mais algumas piscinas. Então eu descobri que a natação é minha companheira de qualidade de vida. Ela é o ponto de equilíbrio para eu produzir mais. Como é que eu fiquei tanto tempo sem nadar? Ainda mais morando há 3 anos em um prédio com piscina e com raia? É bom poder resgatar qualquer coisa, seja o tempo que tenha passado. Pode-se sempre recomeçar, refazer. Consertar as decisões bobas feitas lá atrás. A piscina é externa. Ainda não sei como vou fazer no inverno. Mas até lá, ainda tem tempo de muitas braçadas. 

domingo, 9 de fevereiro de 2014

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 Minhas salsichas e os meninos na água. 


Dia de passar a tarde na piscina com os sobrinhos. Minha irmã tinha um compromisso, deixou-os aqui. Pena que a Bibi estava toda borocoxô. Com dor de garganta e um pouco de febre. Mal falava, tadinha. Ficou deitada no sofá assistindo Harry Potter, enquanto eu desci com os meninos e fiquei brincando na água. Mesmo a água eu achei quente demais. Está tão calor que nem a piscina refresca direito. No final do dia fizemos um mega lanche em casa, e eu adoro como eles comem bem. Bia e Rafa já estão adolescente, então me ajudam a zerar a geladeira. Qualquer coisa que você coloque na mesa, vai. Frutas, torradas, suco, geleia, pão de queijo, bolo, sorvete. Tudo. E olha que aqui em casa é tudo orgânico, natureba, com cara de que criança não gosta. Eles comem com a mesma alegria a barrinha de goiaba orgânica sem açúcar, quanto a cobertura de chocolate do bolo de cenoura que fui comprar na padaria. Gosto de passar tempo de qualidade com eles. Eu sei que sou uma tia que nem sempre está presente. Vira e mexe me enfio em um avião e acabo perdendo aniversários, formaturas, premiações e medalhas. Então quando posso, passo tempo com eles. Converso, abraço, encho de beijos. Não compensa, porque o tempo passa e passa bem rápido. Mas é meu compromisso de sempre estar inteira com eles. Nem sempre estou presente fisicamente, mas nunca ausente. Agora, quando minha irmã veio buscá-los, perguntou para a Bibi se ela tinha melhorado:

- Bia, qual o seu sentimento!
- Eu te amo, mamãe. 
- Eu sei, mas como você está se sentindo?
- Ah! Muito amada! 

sábado, 8 de fevereiro de 2014

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Essa deveria ser eu, estudando para o TOEFL. Mas eu preferi tomar cerveja com minha prima na Vila Madalena. 

Dormi 3 horas apenas. A semana me atropelou, trabalhei como uma camela. Em vez de passar a noite de ontem estudando, acabei indo para o Galinheiro com a minha prima e a gente matou o calor com algumas cervejas até sermos expulsas do bar. Resultado é que fui fazer o TOEFL cansada, de ressaca e sem a mínima noção de como é o teste. Já prestei o TOEFL no passado. Quando tinha 19 anos. Na época fiz curso na Alumni, estudei pra caramba. E a pontuação era completamente diferente. Enchi meu coração de fé e aceitei: vai ser o que tiver que ser. Logo na porta vi uma garota tirar um kit lanche da bolsa, garrafinha de água. Só então descobri que eram 4 horas de teste. 4 HORAS!!! Enfiei a mão na bolsa, achei só Tic-tac. Fucei, remexi e achei uma barrinha de cereal perdida. Sempre tenho alguma coisa na bolsa por causa da hipoglicemia. Entrei, fiz a checagem do cadastro, sentei no computador e mandei ver. O teste é dividido em 4 partes: Reading, listening, speaking e writing. Fiz todas as etapas confortavelmente, com tempo sobrando. Achei fácil. Demais. Ou a língua está bem incutida em mim, ou a ressaca era tanta que nem me dei conta do que estava errando. Para não dizer que fiquei 100% segura com tudo o que respondi, teve um quadro do listening que dei uma viajada. Fiquei pensando na morte da bezerra e não prestei atenção em tudo o que falavam. E como o TOEFL testa fluência, não tem como repetir ou voltar a gravação. Então em uma das perguntas não lembrava do trecho em que a gravação falava sobre o assunto. Chutei. Agora é esperar o resultado. Há sempre a possibilidade de se quebrar a cara de verde e amarelo, mas acho que minha nota vai ser o suficiente para o que preciso. Dedinhos cruzados. 

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

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Hoje foi dia de maratona para embalar os materiais didáticos para as crianças do orfanato. Quando posso, gosto de ajudar uma instituição que fica no Jaraguá e serve de abrigo para crianças que tiveram o núcleo familiar destruído e estão em processo de adoção. Sou madrinha de uma das meninas, que já está uma pré-adolescente agora. Na verdade a maioria dessas crianças nunca serão adotadas, e estão meio largadas ali, pela sociedade e pelo estado. O que a gente tenta fazer é dar a elas um pouco do carinho e cuidado que toda criança deveria receber. Fazemos festa de aniversário, distribuição de presentes no Natal. Agora que as aulas começam, elas precisam de materiais escolares para poder estudar. Coisas simples como cadernos, lápis, borracha, tesoura. Coisas tão bobas que a gente nem lembra que elas não tem como arrumar se ninguém dar. Eu tento fazer uma coisa legal para elas. Faço etiquetas com o nome e a série de cada uma. Coloco nome em todo material, em cada lápis de cor. Preparo o kit e deixo no orfanato para eles poderem começar as aulas na segunda-feira se sentindo um pouco mais cuidados, um pouco mais seguros. Parece uma bobagem, mas a coordenadora do orfanato me disse no final do ano que, porque eu tinha colocado o nome deles no material e feito os kits com tanto cuidado, as crianças pela primeira vez tinham chegado até o final do ano com o material inteiro, bem cuidado. Às vezes basta uma etiquetinha com o nosso nome em uma caneta para a gente resgatar nossa auto-estima. Tão pouco, né!? Eu me sinto super privielgiada por poder oferecer isso a eles. Tão simples, tão nada, e ainda, tão pouco perto do que a gente sempre sabe que pode fazer. 

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

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Sabe, às vezes eu me sinto culpada. Sei lá porque. Uma coisa que estou aprendendo a me libertar cada dia mais. Pois eu trabalho em casa. Eu não tenho alguém controlando meu horário, ou se eu passei a tarde vendo Friends na televisão. Não sou obrigada a acordar 6h da manhã, nem a cumprir horário de almoço. Eu acordo 6h porque eu gosto de correr, e se eu não corro de manhã, não corro mais aquele dia. Também não tenho ninguém controlando se trabalho de tailleur, de pijama, ou pelada. Por isso, eu posso me dar ao luxo de trabalhar de biquini, na piscina. E é isso que eu hoje. Corri, comprei o jornal, tomei café, botei o biquini e fui trabalhar. Entre um mergulho e outro, fiz relatórios, acompanhei métricas, respondi emails, escrevi textos, agendei compromissos, e peguei um bronze. Não sei se eu deveria me sentir culpada, mas... dessa vez, não senti! 

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

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Quase desmaiei hoje. Por duas vezes. Minha pressão passou o dia muito baixa. Por isso não consigo trabalhar direito. O dia não rende. O tico-teco não conversam entre si. Depois do almoço deitei no sofá da casa da minha mãe e desejei que o mundo acabasse. Só por 5 minutinhos. À noite, voltando para casa com aquela decepção de não ter sido produtiva, resolvi aproveitar um dos privilégios que tenho a sorte de ter. Caí na piscina! Fiquei uma hora, boiando na água, olhando as estrelas, e me sentindo grata. Afinal, mesmo quando está ruim, eu arrumo um jeito de fazer o dia terminar bem assim. 

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

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Terça-feira tem uma feira livre bem aqui na porta de casa. Para ser sincera eu não vou sempre. Estou sempre muito ocupada trabalhando, ou longe, na escola. Hoje resolvi parar tudo e fazer uma dessas pequenas coisas que a gente tem o privilégio de ter no Brasil: almoçar pastel de palmito e caldo de cana na feira! Sim, é uma bomba calórica. Mas, sim, é uma das coisas mais gostosas da vida. Sentar em um banquinho, no meio da rua, ouvindo os gritos dos vendedores da feira. Comer um pastel sequinho, tomar um grande copo de garapa com limão... E a vida fica maravilhosa, sendo simples. Com pouco, muito pouco. 

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

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Já falei que sou apaixonada por séries? Já falei, né! Já falei que estou apaixonada pelo Netflix também? Pois é, estou! Mais uma série que estava na minha lista, e que o Netflix me deu de presente: House of Cards. Porque amar? Porque tem o Kevin Spacey como protagonista e a super linda-fodona Robin Wright-Ex-Penn. Porque o protagonista quebra a quarta parede o tempo todo e nos transforma em cúmplices de tudo o que ele faz. Porque a série é uma viagem entre todas as artimanhas e manipulações políticas dos altos escalões do poder. Porque mostra também o lado podre e manipulador da mídia. Porque estamos em época de eleições e reféns de um partido político capaz de tudo para ficar no poder. (assim como Frank Underwood, tudo mesmo). Porque não é maniqueísta, não existe ninguém de bom caráter lá dentro, e ao mesmo tempo são todos muito humanos e nos fazem sentir pena por eles. Porque a trama é sofisticada, os diálogos soberbos e a gente não perde quando tem TV de boa qualidade sendo feita por aí. Porque abocanhou um bocado de prêmios por aí. E porque daqui a pouco chega a segunda temporada, e você não vai querer estar atrasado na trama. Só por causa disso. 


domingo, 2 de fevereiro de 2014

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Pois é, já é carnaval! Eu tenho uma dificuldade danada de interação social, detesto aglomerações de pessoas mas... eu não seria um ser humano se não carregasse um bela dose de ambigüidade. Adoro carnaval! Adoro bloco de rua! Calor, cerveja, gente sorrindo e pulando atrás do trio elétrico. Só não vai quem já morreu. Para minha sorte eu moro em um lugar muito legal. E tem vários blocos de rua que saem aqui da porta de casa. Os amigos tocam o interfone para chamar, eu desço e a festa e logo na calçada. Quer coisa melhor!? Acho maravilhoso que a cultura de bloco de rua renasceu em São Paulo. Que cresça, que se multiplique. É uma benção viver em um país que tem isso. Em que as pessoas saem na rua para pular, dançar e se divertir. É muito privilégio! Eu vou. Sempre que der. Mesmo que depois de um tempo fique com um bode monstruoso das pessoas e volte correndo para casa, para ficar na minha ostra. É carnaval! Época de celebrar o divino em nós. Como não participar disso!?

sábado, 1 de fevereiro de 2014

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Feliz Ano Novo Chinês, pessoal! 
Esse é o ano do Cavalo. Dizem que é um ano de fazer acontecer. Cavalo galopa, e o retorno de todos os esforços feitos no último ano será recompensado rapidamente. Mas precisa trabalhar! 
Estou aproveitando a delícia de ter a Keka em São Paulo por mais tempo. Fomos na liberdade comer bifum, tirar fotos e derreter embaixo do Sol desértico que estamos sofrendo. Adoro! Manifestações e festas populares. Essa mistura enorme de gente, raças, jeitos. Coisa que só em São Paulo mesmo. Não aquele multiculturalismo de guetos que existe em outras grandes metrópoles do mundo. Tô falando dessa mistura de todo mundo junto e tão misturado que viramos uma grande massa mestiça. Amo isso. Somos privilegiados de ter isso. 

Bora fazer esse cavalo galopar!